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Brincadeiras de Risco entre jovens: um desafio urgente para escolas e famílias

  • jun 11, 2025
  • 7 minutos de leitura
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Um alerta vermelho se acende nas escolas brasileiras: comportamentos autolesivos e desafios virais perigosos têm se espalhado de forma alarmante entre crianças e adolescentes. Impulsionados pela busca de aceitação social e pela influência das redes sociais, esses jovens estão colocando suas vidas em risco por meio de práticas que, disfarçadas de “brincadeiras”, escondem sérios perigos físicos e psicológicos. Esse fenômeno exige uma resposta imediata e coordenada de educadores, famílias e da sociedade para garantir a proteção da juventude.

O que são as “brincadeiras de risco”?

As chamadas “brincadeiras de risco” englobam uma série de práticas autolesivas que se tornaram virais entre adolescentes nos últimos anos. Longe de serem inofensivas, essas atividades representam ameaças reais à integridade física e mental dos jovens.

Principais comportamentos perigosos

Desafios de asfixia (“brincadeira do desmaio”)
Consistem em aplicar pressão no peito ou pescoço até provocar a perda de consciência. As consequências vão de convulsões a danos neurológicos permanentes e morte. No Brasil, há milhares de vídeos no YouTube ensinando essa prática a crianças e adolescentes.

Inalação de substâncias químicas
O “desafio do desodorante” ganhou notoriedade após casos fatais, como o da menina Sarah Raissa, de 8 anos, que faleceu em 2025 ao inalar aerossol. A prática pode causar arritmias, insuficiência respiratória e parada cardíaca.

Automutilação
Muitos adolescentes se cortam de forma silenciosa e escondida. Ainda que nem sempre com intenção suicida, esses comportamentos indicam sofrimento emocional e podem evoluir para quadros mais graves.

Jogos de “coragem” e desafios virais
Promovidos em redes como TikTok, Instagram e YouTube, esses desafios testam os limites físicos e morais dos jovens. O “desafio da rasteira”, por exemplo, já causou mortes, como no caso de uma adolescente de 16 anos em Mossoró.

Dimensão do problema: dados alarmantes

  • Cerca de 1.000 suicídios por ano ocorrem entre crianças e adolescentes (10 a 19 anos) no Brasil.
  • As notificações de autolesões entre jovens de 10 a 24 anos cresceram 29% ao ano entre 2011 e 2022.
  • Entre 2024 e 2025, 56 jovens morreram ou se feriram gravemente por desafios virais.
  • Os estados com maior incidência são: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Amazonas.

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A influência das redes sociais

Pesquisas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto evidenciam uma forte associação entre a exposição às redes sociais e comportamentos autolesivos em jovens. O chamado “efeito de contágio social” e a tendência de imitação contribuem para a disseminação dessas práticas nocivas.

O que leva os jovens a esses comportamentos

Fatores psicossociais

  • Desejo de pertencimento e aceitação social
  • Curiosidade e impulsividade próprias da adolescência
  • Ausência de limites e orientação familiar
  • Problemas emocionais não diagnosticados
  • Influência massiva das redes sociais
  • Falta de educação emocional adequada

Vulnerabilidades específicas

Estudos da Universidade Federal Fluminense apontam que 83% dos casos de automutilação têm origem em conflitos familiares não resolvidos. A prática costuma começar por volta dos 12 anos, sendo mais comum entre meninas, mas com maior agressividade entre meninos.

O papel das escolas na prevenção

As escolas têm papel estratégico na prevenção desses comportamentos, com potencial de transformação por meio de ações educativas e acolhedoras.

  1. Educação socioemocional
    Programas estruturados devem capacitar os alunos para:
  • Identificar e lidar com emoções difíceis
  • Desenvolver empatia, autoestima e autocontrole
  • Resistir à pressão social
  • Tomar decisões responsáveis
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O Instituto Ayrton Senna propõe o desenvolvimento de cinco grandes competências: resiliência emocional, abertura ao novo, amabilidade, engajamento com os outros e autogestão. Iniciativas como o programa Brasil na Escola, do MEC, mostram impacto positivo na redução de comportamentos de risco.

  1. Capacitação de professores e equipe pedagógica
    Educadores devem estar preparados para identificar sinais de alerta:

Sinais físicos

  • Cortes nos braços ou pernas
  • Uso de roupas inadequadas ao clima para esconder ferimentos
  • Marcas de queimaduras ou machucados inexplicáveis

Sinais comportamentais

  • Isolamento social
  • Mudanças bruscas de humor ou conduta
  • Queda no desempenho escolar
  • Envolvimento em grupos suspeitos online
  1. Canais seguros de denúncia
    É essencial criar espaços confidenciais para que os alunos possam relatar práticas perigosas:
  • Caixas de escuta anônimas
  • Aplicativos internos de comunicação
  • Apoio de psicólogos e mediadores escolares
  1. Ambiente escolar acolhedor
    Ambientes escolares afetivos e inclusivos reduzem drasticamente comportamentos autolesivos. Ações importantes incluem:
  • Promoção da diversidade e do respeito mútuo
  • Estímulo ao diálogo e à escuta ativa
  • Fortalecimento do senso de pertencimento

Programa Saúde na Escola (PSE)

Criado em 2007, o PSE integra saúde e educação, promovendo ações que fortalecem a saúde mental nas escolas. Em 2024, foram realizadas mais de 460 mil atividades em instituições públicas.

Principais ações na saúde mental

  • Desenvolvimento de competências socioemocionais
  • Detecção precoce de transtornos psicológicos
  • Encaminhamento a serviços especializados
  • Formação continuada de educadores

O papel das famílias

As famílias devem agir como parceiras da escola, promovendo:

  • Monitoramento responsável das redes sociais
  • Diálogo constante sobre emoções e segurança
  • Observação atenta de mudanças de comportamento
  • Busca ativa por apoio psicológico quando necessário

Considerações finais: um esforço conjunto e inadiável

As “brincadeiras de risco” representam uma ameaça crescente à saúde mental e física da juventude brasileira. A resposta eficaz passa pela atuação conjunta de escolas, famílias, poder público e comunidade.

A escola, em especial, deve ser o epicentro da transformação, promovendo ações preventivas baseadas em educação emocional, empatia, escuta ativa e formação continuada dos profissionais. O Programa Saúde na Escola oferece uma estrutura valiosa para essa mobilização.

É essencial entender que por trás de cada ato de risco há um jovem em sofrimento, buscando acolhimento, aceitação ou alívio. Responder a esse apelo com sensibilidade, ciência e compromisso coletivo é o caminho para garantir um futuro mais seguro, saudável e promissor para nossas crianças e adolescentes.

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